segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

a cicatriz

Havia um casal que era muito feliz. Eles já não eram tão jovens e tinham acabado de ter sua primeira filha, e gostavam muito dela. Porém, aos dois meses de idade, a mãe estava brincando com ela no berço e foi pegar a mamadeira, na cozinha. Quando voltou, notou, assombrada, uma cicatriz enorme no rosto do bebê. Ela ficou apavorada. Chamou o marido e eles logo correram pro médico. Estranhamente, o bebê não chorava, nem sequer parecia estar sentindo dor. Era como se aquela cicatriz já existisse faz tempo. O médico examinou o bebê, e tranqüilizou os pais. Não havia nada de errado. Pediu alguns exames, que comprovaram o que ele dizia. A saúde do bebê estava ótima. A menina cresceu, e tinha outras cicatrizes pelo corpo, por isso só usava roupas compridas. Certo dia, a mãe levou-a a escola. Elas tinham que passar por um atalho, que passava num trilho de trem, onde sempre estava sentado um velho senhor, que olhou atentamente a garota. A garota começou a passar muito mal, e quando se afastou do local, logo melhorou. Mas quando chegou à escola, as outras meninas riram de sua cicatriz e ela voltou correndo aos braços de sua mãe. O tempo passa, e a garota se conforma com suas cicatrizes.

Ela já está com vinte anos e continua na mesma escola. Todos os dias, ela passa no atalho do trem, onde o velho continua sentado e olhando para ela, e passa mal. Ao se afastar de lá, ela melhora. Até que um dia ela não agüenta mais. Está muito atormentada e decide ir ao médico novamente, que mais uma vez lhe garante que sua saúde está perfeita. Ela decide dar um basta nisso tudo. Agora ela vai mudar o caminho. Irá fazer o caminho mais longo, mesmo que tenha que atravessar a cidade inteira. Porém, nesta noite, ela sonha com um trem. Acordando mais cedo, ela faz o caminho mais longo e fica feliz, pois não passou mal.

Mas nessa noite ela novamente sonha com o trem, e por isso acorda atrasada. Ela não podia faltar na escola, e decide seguir o atalho do trem. Ela faz isso, e, como sempre, passa mal.

Chegando na escola, ela já está desesperada, e resolve desabafar. Conta tudo à sua melhor amiga, que resolve que elas juntas, descobririam o motivo do mal estar. Na volta, elas seguem até o trilho do trem, onde o velho senhor fica sentado, e a garota começa a passar mal. "O que o senhor faz com a minha amiga pra ela passar mal?!", pergunta a amiga - "Eu?! Eu não faço nada! Mas eu sei porquê ela passa mal! Vocês querem saber?" - Elas afirmam que sim, e o velho senhor entra em sua casa e traz um recorte de jornal. Chocadas, elas olham. "Não, não pode ser!" A manchete, de vinte anos atrás, é a seguinte:
- "Jovem garota morre atropelada no trilho de trem. Acidente marca o fechamento da estação ferroviária”.

A jovem foi atropelada naquele trilho de trem, e morreu com uma enorme cicatriz no rosto, e outras em diversos outros locais do corpo. Todos que viam a garota afirmavam que ela era completamente idêntica à falecida jovem. Ela era a reencarnação da jovem que morreu atropelada.

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